O estudo sobre a eficácia do Protocolo de Tratamento Osteopatico (OTP) em pessoas com Esclerose Múltipla (EM), é baseado em evidências cientificas, as quais demonstram que o processo inflamatório, que ocorre na EM, pode estar associado a lesões vasculares no tecido nervoso, derivadas de uma alteração na hemodinâmica do sistema venoso cerebral. Este mecanismo teria como sua base o aumento da pressão intracraniana, por sua vez provocada, supostamente, por uma anormal tensão muscular de origem postural-respiratória, que seria susceptível de ser melhorada através do tratamento osteopático. Por este motivo temos desenhado um ensaio clínico aleatório, padronizado, duplo cego, controlado, onde um grupo de pacientes com EM será submetido a um ciclo de tratamentos osteopáticos protocolares, avaliando a resposta dos pacientes nos sintomas e na evolução das lesões do tecido nervoso, comparado a um grupo de controle que receberá um ciclo de sessões, onde lhes será aplicado um protocolo de relaxamento muscular progressivo.

Materiais e Metodos:

Um grupo de 24 pessoas com EM, será dividido, aleatoriamente, em dois sub-grupos: estudo e controle, sendo que o grupo de estudo receberá um ciclo de tratamentos osteopáticos padronizados, enquanto o grupo controle, na primeira fase da pesquisa, receberá um ciclo de sessões de relaxamento muscular progressivo. O tratamento osteopatico padronizado foi elaborado com o foco em normalizar as tensões posturais respiratórias, melhorar o defluxo venoso craniano e reduzir a pressão intra craniana. Todos os pacientes serão submetidos a um protocolo de avaliações antes do início e depois do fim do ciclo de tratamentos, que incluirá as seguintes avaliações: testes funcionais para determinação dos sintomas e da qualidade de vida em pacientes com EM, ressonância magnética com contraste (gadolínio), avaliação da Pressão Intra Craniana (PIC) por meio de um dispositivo não invasivo de medição da PIC (B4C), avaliação do fluxo das veias jugulares por doppler venoso. Os resultados dos exames dos dois grupos, serão submetidos a avaliação estatística para determinar o efeito do tratamento no grupo de estudo a respeito do controle. No caso em que as avaliações evidenciem diferenças entre os dois grupos, no final dos primeiros seis meses, o grupo controle também receberá o tratamento osteopático padronizado, segundo as mesmas modalidades do grupo de estudo.

Todos os pacientes deverão ler e assinar um termo de consentimento, onde lhes serão explicadas todas as modalidades da pesquisa à qual participarão, os procedimentos aos quais serão submetidos e os possíveis riscos associados ao tratamento. Os pacientes estarão informados de que serão incluídos por sorteio, aleatoriamente, em um dos dois grupos.

Discussão:

Segundo as evidências científicas, um aumento crônico da pressão abdominal e torácica, de origem mecânica, pode levar a um colapso do sistema venoso cerebro espinhal, com consequente insuficiência no defluxo venoso craniano e aumento da pressão intracraniana (PIC); a tensão sobre os vasos provocada pelo aumento do volume sanguíneo facilitaria a permeabilidade dos vasos às células da imunidade as quais, ultrapassando a barreira hematoencefálica (BHE), ativariam o processo inflamatório do tecido nervoso, em pessoas com predisposição genética para EM. O tratamento osteopático, normalizando as tensões de origem postural-respiratória, teria um efeito positivo em melhorar a hemodinâmica do sistema venoso cerebral, normalizar a PIC, reduzindo a inflamação do tecido nervoso e melhorando o quadro fisiopatológico e clínico dos pacientes.

Mensagem de convite para os profissionais: um novo olhar no tratamento da Esclerose Múltipla, baseado na normalização da complacência e da pressão intracraniana, abre um horizonte inovador sobre a eficácia da osteopatia no tratamento desta patologia, a partir na normalização da circulação fluídica e das tensões posturais-respiratórias. Uma abordagem desafiadora que quebra paradigmas e preconceitos na área da osteopatia craniana a partir de evidências científicas sobre a mobilidade do crânio e a sua fisiologia. 

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